sexta-feira, 24 de junho de 2016

IGREJA NOS LARES? (IGREJA NOS LARES - UM NOVO MODISMO, OU O RETORNO ÀS PRÁTICAS PRIMITIVAS DA IGREJA?)



Todos os cristãos, sejam católicos ou evangélicos, tem seus templos onde se reúnem para suas práticas religiosas; que novidade é esta de cristãos se reunindo e partindo o pão “de casa em casa” ?

Amado leitor, com o auxílio de alguns dados históricos facilmente comprováveis e com um pequeno estudo bíblico, ficará fácil provar a você que os cristãos primitivos foram os únicos a abolirem três coisas comuns a todas as religiões antigas:

1ª) Sacrifícios e oferendas: Hb 10:8-12
2ª) A mediação de sacerdotes: Ap 1:5-6, 2:6
3ª) Reuniões em templos (ou sinagogas): 1Co 3:16, 6:19

Até o início do quarto século com a ascensão ao trono romano do imperador Constantino (312 a 337 d/C), a Igreja cristã reunia-se exclusivamente nas casas de seus membros. A adoção de um templo para reunião de cristãos foi uma invenção megalomaníaca de Constantino, posterior ao início do quarto século. Veja o que dizem três dos mais credenciados historiadores eclesiológicos da atualidade:

Em Historical Approach to Evangelical Worship (Uma Abordagem Histórica da Adoração Evangélica), página 103 e em History of the Christian Church (História da Igreja Cristã): Volume 3, página 542, SCHAFF escreve: “Depois da cristandade ser reconhecida pelo estado e autorizada a ter propriedades (pós-Constantino), ela passou a erigir templos de adoração em todas as partes do Império Romano. Provavelmente havia mais edifícios deste tipo no século IV do que houve em qualquer período da história, exceto talvez, no século XIX nos Estados Unidos...”. Em To Preach or Not to Preach? (Com ou Sem Propósitos de Oração), página 29, NORRINGTON diz que: "Na medida em que os Bispos dos séculos IV e V cresciam em riqueza, eles canalizaram tais riquezas através de um elaborado programa de construção de templos de Igrejas". Em Early Christians Speak (O Falar dos cristãos Modernos), página 74, FERGUSON afirma que: "Até a ascensão de Constantino não encontramos nenhum edifício especialmente construído para a reunião da igreja, ela se reunia em casas simples ou casas adaptadas; após a ascensão de Constantino, as construções começaram: primeiro simples salões, depois basílicas e finalmente grandes catedrais foram erigidas".

Existem na Bíblia um grande número de versículos que mostram claramente a igreja se reunindo na casa de um de seus membros, e nenhuma só referência a uma reunião da Igreja acontecendo num templo, numa sinagoga ou em algum outro local especialmente construído para esta finalidade.

Veja por exemplo os dois primeiros versículos da carta escrita por Paulo ao seu cooperador Filemon, está claramente escrito que a Igreja se reunia na casa deste irmão. Igualmente, em Colossenses 4:15, Paulo manda uma saudação à irmã Ninfa, em cuja casa se hospedava a Igreja de Laodicéia.

Os exegetas nos contam que a carta que Paulo escreveu aos Romanos, ele a escreveu enquanto estava na cidade de Corinto e por isto, em Romanos 16:23, ele envia aos irmãos de Roma uma saudação do irmão Gaio, que além de o estar hospedando naquela data, também era o hospedeiro de toda a Igreja de Corinto. Devido a este fato é que falando aos irmãos em 1Coríntios 14:23, ele traz uma direção de como proceder, quando a Igreja toda estivesse reunida no mesmo lugar (neste caso, a casa do irmão Gaio).

Preste bastante atenção em cada palavra dos seguintes textos bíblicos: Atos 12:2; Atos 21:8-14; Atos 16:40; Atos 20:17-20 e Tito 1:7-11. Porque você acha que em todos estes textos, associados à casa dos irmãos, há pessoas: congregadas, orando, profetizando, confortando uns aos outros e ensinando? Logicamente, por se tratar das atividades cotidianas da Igreja, que se reunia, exatamente nestas casas mencionadas.

O casal Áquila e Priscila sempre cooperaram com o ministério de Paulo, e também eram missionários que migravam levando o evangelho. A Bíblia menciona por duas vezes que em cidades diferentes, onde eles se encontravam, eles hospedavam a Igreja do local em suas casas. Confira isto lendo: 1Coríntios 16:19 e Romanos 16:3-5.

Um caso muito especial é o caso de Jerusalém, uma das metrópoles da época. A Bíblia diz que em Jerusalém os cristãos primitivos partiam o pão (a principal reunião da Igreja) de casa em casa (Atos 2:46), eles também ensinavam (outra importante reunião da Igreja) de casa em casa (Atos 5:42). Quando Saulo começou a perseguir esta igreja, com o propósito de prender os cristãos (Atos 8:3), ele entrava de casa em casa (porque era aí que os cristãos se reuniam). Os historiadores mencionados no início do estudo, nos contam que Jerusalém, durante o primeiro século, teve centenas de casas onde os cristãos se reuniam. Nestes dois primeiros textos, também é mencionado que os cristãos iam ao templo Judaico. Será que eles iam lá para a reunião da Igreja? Lógico que não! Você acha que os Sacerdotes que os ameaçavam (Atos 4:15-21), os espancavam (Atos 5:40) e os levavam para o cárcere (Atos 4:1-3 e Atos 5:17-18) por ensinar no nome de Jesus; iam ceder o templo Judaico para a reunião da Igreja? É irracional pensar desta forma. Eles se reuniam apenas no Pórtico de Salomão (Atos 5:12), que era uma parte do átrio exterior do templo. Esta parte era aberta também aos gentios e um local de frequentes debates e muito comércio (Mateus 21:12). Os Apóstolos iam lá com propósitos evangelísticos, conforme a Bíblia nos mostra (Atos 2: 40-41 e Atos 4:4). Que em Jerusalém os cristão se reuniam de casa em casa (isto é nas casas de seus próprios membros) é um fato bíblico e históricamente comprovado.

Outro caso muito interessante refere-se a outra metrópole da época que era Roma. O apóstolo Paulo ao escrever sua carta aos cristãos daquela cidade, saúda nominalmente um primeiro grupo: “Áquila, Priscila bem como à Igreja que se reunia na casa deles” (Romanos 16:3-5). Ele também saúda nominalmente um segundo grupo: “Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e os irmãos que se reúnem com eles” (Romanos 16:14). E saúda ainda nominalmente um terceiro grupo: “Filólogo, Júlia, Nereu e sua irmã, Olimpas e todos os santos que se reúnem com eles” (Romanos 16:15). Vemos que existiam em Roma, pelo menos três grupos distintos de cristãos (que se reuniam em casas também distintas) por ocasião desta carta. O mais interessante é que quando Paulo chega em Roma, ele não começa a se reunir em nenhum dos locais já existentes. Ele começa um quarto grupo em uma casa que ele mesmo alugara (Atos 28:30-31). Porque isto? Será que Paulo não se dava bem com os outros três grupos de cristãos? Amados devemos entender que casas são geralmente pequenas (comportando um grupo pequeno de cristãos), e quando Paulo chegou em Roma provavelmente as outras três casas, onde os cristãos se reuniam, já estavam no limite máximo de pessoas; assim ele normalmente começou um quarto local para reunião de cristãos em sua própria casa.

Uma última explicação necessária, refere-se ao texto de Atos 20:8 onde é mencionado que os irmãos estão reunidos num cenáculo. Muitos por desconhecerem o grego, confundem um cenáculo com um templo, sinagoga ou algum outro tipo de “local mais próprio para reuniões, do que uma casa”. A palavra grega para cenáculo é “huperoon”, e significa simplesmente uma casa maior com um segundo pavimento. Veja isto claramente mostrado nos textos de Atos 1:13 (onde os cristãos estão reunidos num cenáculo, à espera do Espírito Santo) e Atos 2:2 (onde o Espírito Santo ao ser derramado enche toda a casa onde eles ainda continuavam reunidos e esperando por Ele). O cenáculo mencionado é apenas uma casa grande, com um pavimento superior (comum aos mais ricos da época).

Visando refutar esta lógica bíblica de clareza impressionante, alguns teólogos modernos, com o propósito de defender e sustentar o “denominacionalismo” tem feito três afirmações, que passaremos a analisar à seguir:

Primeiramente afirmam que a Igreja realmente começou reunindo-se nas casas de seus membros; mas que isto se deu exclusivamente por causa da perseguição imposta sobre ela; que isto durou poucos anos e que as casas e as catacumbas foram apenas locais provisórios de reunião visando fugir da perseguição. Tanto a Bíblia quanto a história desmentem estes argumentos. Lucas disse em Atos 9:31, que: “A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número”. Interessante notar que durante todo este período de paz, a Igreja está se reunindo nas casas de seus membros (logo o motivo de reunir-se em casas não foi a perseguição). A história também nos mostra que em termos cronológicos, a perseguição foi esporádica nos primeiros séculos e não algo permanente. Durante as perseguições, realmente os cristãos se refugiavam nas catacumbas, mas tão logo amainavam as perseguições, a Igreja voltava a se reunir no ambiente determinado pelo Espírito Santo, ou seja as casas dos irmãos, que a constituíam.

Seu segundo argumento é que tanto Jesus, quanto os apóstolos primitivos apoiavam a “reunião numa sinagora”, visto que falavam e participavam de reuniões em tais lugares. Dizem eles que o moderno templo (seja católico ou evangélico), é algo derivado da sinagora, e que sendo assim, o fato de Jesus e os apóstolos tê-los freqüentado, credencia os templos atuais, como locais de reunião da Igreja. Eles se esquecem que os Judeus haviam determinado, conforme vemos em João 9:22 e João 12:42 que se alguém se tornasse cristão, deveria ser expulso das sinagogas. Sinagora, é lugar de reunião de Judeus não de cristãos. Jesus e os apóstolos primitivos eram Judeus, por isto participavam das reuniões dos Judeus. Da mesma forma, que com relação ao templo de Jerusalém, os cristãos primitivos iam às sinagogas com propósito evangelístico como vemos em Atos 14:1 e Atos 18:4. Não existe menção de uma só “reunião da Igreja” acontecendo numa sinagora. Sinagora e templo são culturas cultura judaicas ou pagãs, não fazem parte da Igreja e do cristianismo primitivo. Por entrarem lá os cristãos primitivos não os estavam avalizando (como local para reunião da Igreja), e sim os utilizando com propósitos específicos (1Coríntios 9:20-23).

Um terceiro argumento destes teólogos modernos, é que o significado da palavra grega da qual veio nosso vocábulo Igreja, seria “os chamados para fora de suas casas”. Isto soa forte e impressiona, devido a não temos conhecimento do grego. Assim engolimos tal afirmação, como sendo um forte argumento. Entretanto o vocábulo grego “ekklesia”, do qual veio nossa palavra “Igreja”, é composto de duas outras palavras, “ek + kaleim”. A palavra “Kaleim” significa simplesmente “chamados” e o prefixo “ek” significa “para fora”. Então o significado de Igreja é “os chamados para fora”. A palavra grega para casa é “oikos”, e não está presente no vocábulo Eklesia (Igreja). Porque então traduzir Igreja como “os chamados para fora de suas casas”? Se queremos aclarar a explicação do vocábulo, não seria mais lógico e bíblico dizer que a Igreja é o conjunto dos “chamados para fora”, do sistema mundano e carnal criado e mantido pelo diabo. Assim sendo, preferimos ficar com aquilo que a bíblia diz, pois tememos acrescentar algo à Palavra de Deus (Apocalipse 22:18).

Os versículos e argumentos acima são mais que suficientes para provar a qualquer cristão sincero, que não há comprovação bíblica e nem histórica (pelo menos até o início do quarto século) para reuniões da Igreja em nenhum tipo de lugar que não sejam as próprias casas de seus membros! Seria tão estranho para os cristãos primitivos se reunirem em templos, como é estranho para alguns cristãos atuais reunirem-se em casas.
Más reunindo-se em tantos locais (casas) diferentes, em uma mesma cidade, isto não irá produzir grande divisão entre os cristãos, quebrando assim a unidade da Igreja na cidade?

Tanto a Bíblia quanto a história desmentem este conceito, Reunir-se em várias casas (e nelas partir o pão), foi a realidade da Igreja Primitiva, e nunca a dividiu. A Mesa (princípio de comunhão) continuou única, apesar de estar presente em vários locais. O que divide não são os muitos locais de reunião e sim algumas atitudes do coração de quem está se reunindo. Veja isto: Marcos 7:21-23 - 1Coríntios 3:3-6 - Gálatas 2:6-10 - 1João 1:1-3.

Quando nos recusamos a ter comunhão (um anti-tipo da Mesa) com irmãos genuinamente salvos, aí sim estamos dividindo o Corpo de Cristo. Aquele que Cristo aceitou, tem comigo unidade de espírito, porque eu também fui aceito por Ele. Ainda que não tenhamos chegado à unidade de fé, podemos ter comunhão. Veja isto em Efésios 4: 3-16. Esta postura realmente divisiva, é vista claramente na conduta do Presbítero Diótrefes (3João 9-11); que desejando ter a primazia (proeminência) entre os demais presbíteros, agia de maneira arbitrária e intransigente, se recusando a receber na comunhão outros irmãos cujo pensamento diferia do dele (incluindo entre estes o próprio apóstolo João); tentando impedir os demais irmãos da Igreja de recebê-los e chegando até mesmo a ameaçá-los com a expulsão da igreja.

Finalizo esta reflexão com uma última pergunta. Se ao construir sua casa material (o tabernáculo judaico), Deus deu um projeto preciso a Moisés e não permitiu nenhum acréscimo a este projeto original (Êxodo 25:9), será que na construção da sua casa espiritual, que é a Igreja (1Pedro 2:5), Deus permitiria tais acréscimos?

A pergunta correta não é porque nos reunirmos de casa em casa, já que isto faz parte do projeto original de Deus, para sua Igreja. A pergunta correta a ser feita é, onde obtivemos permissão para nos reunirmos de forma contrária ao projeto original. Se negligenciarmos este ponto fundamental da reunião da Igreja, a negligência em outros pontos também virá, será apenas uma questão de tempo (Lucas 16:10)!

Fonte: http://www.irmaosemsamonte.com.br/portal/igreja-nas-casas.html

A igreja que eu quero ser...



















A igreja que eu quero ser...
A igreja que eu quero ser não tem hora de culto, o culto nem é uma cerimônia. 
A igreja que eu quero ser cultua em todo tempo porque cultua com a vida, vivendo.
A igreja que eu quero ser não é de parede e teto, ela é feita por mim e por você. 
É feita de gente, e gente imperfeita. 
Gente que erra, gente que falha, gente que tropeça. 
É feita de gente que ama e que ama ser amado. 
Gente que sorri mas que também chora.
Gente que sofre com as mazelas do mundo.
A igreja que eu quero ser é uma igreja que se importa com a fome, com o sofrimento.
A igreja que eu quero ser sente a fome do faminto, sente a sede do sedento, sente o frio do desabrigado, sente a dor do doente.
A igreja que eu quero ser mostra o caminho da salvação, mas não tem os direitos da via nem cobra o pedágio da ponte.
A igreja que eu quero ser ilumina a estrada como um farol, para que todos possam passar pela ponte, e a ponte é Jesus.
A igreja que eu quero ser não tem nome, não tem placa nem mesmo uma sede. 
Ela está em mim e está em você. 
Quem a governa é Deus e o seu credo não está decorado. 
A base dessa igreja é o amor, o amor não fingido.
Nessa igreja não tem banco, nem mesmo liturgia. 
Nessa igreja você não precisa baixar a cabeça pra falar com Deus.
Ali você deve ficar de olhos bem abertos ao ouvir a voz de Deus, pois ele te manda olhar para o lado, te manda ver o teu irmão.
Nessa igreja pouco importa a duração do culto, pois o culto dura o tempo todo. 
Importa mesmo é que você seja essa igreja.
Você não precisa de roupa certa para vir nessa igreja.
Não importa o que você tem pintado na sua pele, nem mesmo importa a sua pele. 
Nessa igreja todos somos igreja. 
Também não há cargos ou obrigações nessa igreja, você não é obrigado a nada.
Eu quero ser essa igreja, eu estou tentando...

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Semper Reformanda: sopros do Espírito na atualidade


Particularmente, penso que os “ventos de uma nova reforma” que sopram em nossa geração não se tratam de “ventos de doutrina” ou simplesmente mais um modismo. Acredito tratar-se da jornada da Ekklesia rumo aos princípios básicos do Reino (comunhão, intercessão e proclamação) sem o peso ou a distração de construções históricas, emblemas religiosos ou qualquer outra coisa que tenha surgido como um “meio” e acabou se tornando um fim em si mesma (quem lê entenda).
Nas palavras dos Reformadores do século XVI, “Ecclesia semper reformanda est” (A Igreja está sempre se reformando). Reforma, em nossos dias, é o resgate da simplicidade daquele que ingenuamente lança mão da boa semente sem a prentenção de programar ou controlar seu crescimento. É a volta da Comunidade Divina ao seu estágio embriônico, permitindo que ela nasça, cresça, se multiplique e toma sua forma naturalmente, de acordo ao seu DNA divino, sem a interferência de nossos moldes pré-concebidos.
Photo credit: followtheseInstructions @ Flickr | Some rights reserved : free to share and  adapt (Creative Commons)
Sei que não é fácil para muitos entenderem a variedade de terminologias que estão sendo empregadas na blogosfera para expressar a mensagem que o Espírito está soprando sobre a Igreja nos dias atuais. Escrevi este artigo na tentativa de esclarecer alguns conceitos que têm sido discutidos nos últimos anos e também na tentativa de condensar muito daquilo que já escrevi anterioremente.
Alguns termos são usados de forma intercambiável, o que não é incorreto, mas quero “esmiuçar” a ênfase distinta que cada um deles acrescenta à nossa visão de Igreja. Assim, sem a pretensão de dar a última palavra no tocante à certas definições, tentarei explicar algumas delas de acordo com meu entendimento pessoal:

Igreja nos lares

Mudança de imagem: ainda que muitos entendam que o local de reunião de uma igreja, em si, não determina sua identidade, hoje em dia entende-se mais e mais que a porta de entrada para a Igreja deve ser a família (por isso a ênfase nos lares como ponto de encontro da Ekklesia).
A Igreja nos lares não sacraliza as casas como “o átrio sagrado, o santo dos santos e lugar exclusivo das reuniões da Igreja”. 1 Não se trata de uma questão meramente geográfica. A propósito, se a Igreja está fundamentada de forma correta, ela pode até se reunir em auditórios, conforme a necessidade, sem por isso sucumbir ao “complexo de edifício” (quando a identidade da Igreja se funde ao “templo”, não podendo mais ser disassociada dele).
Portanto, a Igreja nos lares não propõe uma mudança geográfica e sim de fundamento. O epicentro da Igreja nos lares é a mesa da comunhão e não o púlpito. Ela está estruturada em torno da família e não em eventos religiosos. O eixo que move a Igreja são as relações pessoais e não programas.
Quando um incrédulo olha para a Igreja, ele deveria ver um grupo de pessoas que convivem, se amam e se servem entre si, e não um programa com música e sermões espetaculares. Os de fora não devem enxergar a Igreja como uma empresa e sim como uma FAMÍLIA, pois o Senhor Jesus disse que a marca de nossa identidade perante o mundo é o amor que deve haver entre nós (Jo 13:35).
A Igreja nos lares denuncia uma Igreja que possui uma mensagem correta, mas uma expressão distorcida, pois não produz comunidade, somente programas.

Igreja simples

Mudança de estrutura: é a eliminação de qualquer bagagem que não seja essencial à nossa ortodoxia – templos, rígidas liturgias, castas clericais, títulos, vestimentas especiais, credenciais acadêmicas como requisito para o ministério, 2 etc.
A Igreja neotestamentária possuia uma certa estrutura sem operar como uma empresa, assim como o corpo humano possui diversos sistemas (digestivo, linfático, nervoso, etc.) sem se tornar um robô. A Igreja simples denuncia uma Igreja que se tornou uma empresa extremamente complexa, burocrática e vagarosa, e propõe um retorno à simplicidade do Evangelho em vários aspectos, principalmente no tocante à liturgia e ao ministério dos santos.

Igreja orgânica

Mudança de sacerdócio: propõe que cada membro, e não somente uma aristocracia espiritual, deve exercer seu sacerdócio.
A Igreja não é uma organização, cujas partes são artificialmente costuradas por estruturas humanamente fabricadas. Ela é um organismo em que, por meio de juntas e medulas bem conectadas (relacionamentos sólidos), os membros funcionam de maneira sinérgica, 3 como os membros de um corpo biológico, e ministram entre si de acordo ao seu dom espiritual (sacerdócio universal), pois “todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” ( Ef. 4:16).
A Igreja orgânica denuncia que muitos dos aparatos institucionais inibem a manifestação da multiforme sabedoria de Deus na Igreja, pois condicionam seus  membros a serem meros expectadores de um evento religioso conduzido por cantores e pregadores profissionais.

Igreja missional

Mudança de prioridades: a Igreja missional é um povo com uma missão. Não gira somente em torno de sua própria existência como instituição (eclesiocentrismo), mas traz em si um enfoque missiológico, chamando seus membros para fora de sua zona de conforto, desafiando-os a olhar ao seu redor e a alcançar sua comunidade por meio da generosidade sacrificial.
Pretende derrubar a falsa dicotomia entre “discipulado versus evangelismo” ou “evangelismo versus ação social”, pois todas estas coisas caminham juntas. Propõe a demolição dos muros da religiosidade que separam os cristãos dos “pecadores”, convocando seus membros a “comerem com os publicanos” e a servirem os necessitados ao seu redor com seu tempo, talentos e finanças.
A Igreja missional dissolve os guetos sagrados e insere a Igreja em seu contexto social. Denuncia a pregação de uma mensagem individualista que se resume em salvar o homem do inferno, mas que não o ensina a manifestar o Reino de Deus entre os pecadores. Aponta para uma Igreja ensimesmada cujos santos gastam a maior parte de seu tempo enfurnados em programas igrejeiros e a maior parte de suas finanças em estruturas eclesiásticas. 4

Conclusão

Penso que estes quatro pontos, balanceados entre si, refletem a Igreja que nosso Senhor Jesus espera que sejamos nos dias atuais: uma Igreja que nasça na intimidade dos lares, que seja simples, orgânica e missional.
Não creio que estas nomenclaturas representem necessariamente movimentos distintos, mas refletem um mover de Deus que está se difundindo nos últimos anos na Igreja de nosso Senhor como um todo, tanto dentro como fora do institucionalismo cristão. Não  existe um movimento que encapsule estas qualidades de forma exclusiva, pois o vento do Espírito sopra onde quer (Jo 3:8). 5 Digo isso porque é importante notar que até mesmo parte da Igreja institucional tem sido impactada por estas ondas de reforma e muitas comunidades de transfundo denominacional têm buscado mudanças no intuito de desenvolver uma expressão mais orgânica de Igreja. 6
Vejo que, no passado, todas estas coisas vinham sobre o Corpo de Cristo como uma brisa suave e discreta, mas que nos últimos anos têm ganhado mais intensidade. Já posso sentir um vento forte que sopra e que, embora ainda não tenha causado nenhum rebuliço de grandes proporções, já faz ruído e pode ser ouvido por muitos tanto nas casas como nas basílicas. Ao longo da história da Igreja, muitos confundiram o sopro do Espírito com ventos de doutrina, fechando-se ao mover de Deus em suas gerações. De certo, não está sendo diferente em nossos dias. Entretanto,  este ruach de Deus se intensificará mais e mais à medida que o dia da volta de nosso Senhor Jesus se aproxima, adornando a Noiva para seu encontro com seu Noivo.
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NOTAS:
  1. Se há um “argumento teológico” por trás da prática de reunir-se nos lares certamente este argumento não seria o de que as casas são “o único lugar autorizado e bíblico” para as reuniões da Ekklesia, e sim o de que na Nova Aliança já não existem mais locais sagrados e especiais para reuniões, o que torna biblicamente injustificada a prática de se gastar tanto dinheiro na construção e manutenção de uma estrutura física que consome a maior parte dos recursos financeiros da Igreja. ↩
  2. A formação acadêmica não representa necessariamente um problema, desde que se entenda que o que forma um mestre do Reino não é o seu diploma teológico e sim o seu dom natural. Mestres são reconhecidos e estabelecidos na Igreja por naturalmente operarem no dom de ensino, e não pelo reconhecimento de uma instituição terrena. Particularmente, conheço excelentes mestres do Reino que jamais passaram por um instituto bíblico, assim como conheço ótimos mestres que obtiveram formação acadêmica para aprimorarem seu dom. Biblicamente falando, entretanto, a formação acadêmica não deve ser um requisito para a obra do ministério. As heresias não se propagam na Igreja pela falta de treinamento acadêmico, e sim por causa daqueles que operam fora de seu dom (por exemplo, profetas ou evangelistas que se aventuram a ensinar doutrina). Precisamos de eruditos nas linguas originais e em outras áreas teológicas, mas a formação acadêmica não eleva o obreiro a um nível superior aos demais membros do presbitério, pois as Escrituras nos ensinam que nem todos os presbíteros foram chamados a ensinar a Palavra (1 Timóteo 5:17), mas no entanto são presbíteros juntamente com os mestres do Reino. Mestres operam em igualdade e submissão a outros membros do presbitério local (profetas, evangelistas e pastores). A especialização, nestes termos, pode ser conquistada por aqueles que assim desejarem. ↩
  3. Por definição, “sinergia” é a ação simultânea e sincronizada de diversos órgãos ou músculos, na realização de uma função. ↩
  4. Curiosamente, nas Escrituras as pessoas vendiam suas terras para alimentar os pobres da Igreja. Hoje, a Igreja pede dinheiro ao pobre para comprar terras, gastando mais dinheiro com estruturas eclesiásticas do que com os necessitados. Não seria esta uma inversão de prioridades? ↩
  5. Sempre parto do pressuposto de que não existe uma maneira exclusiva de se expressar como Igreja, seja institucionalmente ou nos lares. O que há são maneiras mais simples e ágeis de se organizar, versus maneiras mais complexas e burocráticas. ↩
  6. Assim como tenho consciência de que este mover esteja alcançando a Igreja institucional, sou igualmente consciente dos muitos obstáculos que uma Igreja institucional terá para responder positivamente a este mover, devido à necessária desconstrução de certos paradigmas e sistemas embutidos na tradição herdada por ela. ↩

domingo, 12 de junho de 2016

Era uma Igreja muito engraçada ...



Essa noite, eu tive um sonho de sonhador, sonhei com uma igreja esquisita. Ela não tinha muros, piso, púlpito, bancos ou aparelhagem de som. A igreja era só as pessoas. E as pessoas não tinham títulos ou cargos, ninguém era chamado de líder, pois a igreja tinha só um líder, o Messias. Ninguém era chamado de mestre, pois todos eram membros da mesma família e tinham só um Mestre. Tampouco alguém era chamado de pastor, apóstolo, bispo, diácono ou Irmão. Todos eram conhecidos pelos nomes, Maria, Pedro, Afonso, Julia, Ricardo...

Todos os que criam pensavam e sentiam do mesmo modo. Não que não houvesse ênfases diferentes, pois Paulo dizia: “Vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem das obras, para que ninguém se glorie”, enquanto Tiago dizia: “A pessoa é aceita por Deus por meio das suas obras e não somente pela fé”. Mas, mesmo assim, havia amor, entendimento e compreensão entre as pessoas e suas muitas ênfases.

Não havia teólogos nem cursos bíblicos, nem era necessário que ninguém ensinasse, pois o Espírito ensinava a todos e cada um compartilhava o que aprendia com o restante. E foi dessa forma que o Agenor, advogado, aprendeu mais sobre amor e perdão com Dinorá, faxineira.

Não havia gente rica em meio a igreja, pois ninguém possuía nada. Todos repartiam uns com os outros as coisas que estavam em seu poder de acordo com os recursos e necessidades de cada um. Assim, César que era empresário, não gastava consigo e com sua família mais do que Coutinho, ajudante de pedreiro. Assim todos viviam, trabalhavam e cresciam, estando constantemente ligados pelo vínculo do amor, que era o maior valor que tinham entre eles.

Quando eu perguntei sobre o horário de culto, Marcelo não soube me responder e disse que o culto não começava nem acabava. Deus era constantemente cultuado nas vidas de cada membro da igreja. Mas ele me disse que a igreja normalmente se reunia esporadicamente, pelo menos uma vez por semana em que a maioria podia estar presente. Normalmente era um churrasco feito no sítio do Horácio e da Paula, mas no sábado em que eu participei, foi uma macarronada com frango na casa da Filomena. As pessoas iam chegando e todos comiam e bebiam o suficiente.

Depois de todos satisfeitos, Paulo, bem desafinado, começou a cantar uma canção. Era um samba que falava de sua alegria de estar vivo e de sua gratidão a Deus. Maurício acompanhou no cavaquinho e todos cantaram juntos. Afonso quis orar agradecendo a Deus e orou. Patrícia e Bela compartilharam suas interpretações sobre um trecho do evangelho que estavam lendo juntas. Depois foi a vez de Sueli puxar uma canção. Era um bolero triste, falando das saudades que sentia do marido que havia falecido há pouco tempo. Todos cantaram e choraram com ela. Dessa vez foi Tiago que orou. Outras canções, orações, hinos e palavras foram ditas e todas para edificação da igreja.

Quando o sol estava se pondo, Filomena trouxe um enorme pão italiano e um tonelzinho com um vinho que a família dela produzia. O ápice da reunião havia chegado, pela primeira vez o silêncio tomou conta do lugar. Todos partiram o pão, encheram os copos de vinho e os olhos de lágrimas. Alguns abraçados, outros encurvados, todos beberam e comeram em memória de Cristo.

Acordei com um padre da Inquisição batendo à minha porta. Junto dele estavam pastores, bispos, policiais, presidentes, ditadores, homens ricos e um mandado de busca. Disseram que houvera uma denúncia e que havia indícios de que eu era parte de um complô anarquista para acabar com a religião. Acusaram-me de frequentar uma igreja sem líderes, doutrina ou hierarquia; me ameaçaram e falaram: “Ninguém vai nos derrubar!”. Expliquei: “Vocês estão enganados, não fui a lugar nenhum, não encontrei ninguém ou participei de nada... aquela é apenas a igreja dos meus sonhos”.

por: Tonho [foi coordenador do UG -Min. Jovem do Portas Abertas]

sábado, 11 de junho de 2016

Nem Todas As Igrejas Nos Lares São Igrejas Orgânicas


 Marcio S. da Rocha
Hoje em dia, a expressão “igreja orgânica” virou quase uma “moda eclesial”, e quase um sinônimo de igrejas nos lares. No entanto, existem muitas igrejas funcionando em lares, mas nem todas são, de fato, igrejas orgânicas. Não é pelo simples fato de alguns irmãos se reunirem em seus lares, que isto caracteriza uma igreja orgânica. Neste artigo abordaremos alguns tipos de igrejas e grupos que se reúnem nos lares, mas que não se constituem autênticas igrejas orgânicas, com o objetivo de ajudar àqueles irmãos que têm sido despertados pelo Espírito Santo a buscarem uma forma neotestamentária de igreja, para que não se envolvam com grupos eclesiásticos não-orgânicos que não serão tão abençoadores para suas vidas.
O primeiro tipo de igreja em um lar que não é orgânica, e é bem fácil de perceber, é compreendido pelas igrejas que imitam as igrejas institucionais, tanto na estrutura hierárquica, quanto na forma de culto. Essas igrejas não passam de mini-igrejas institucionais. Possuem pastores (clérigos), e conseqüentemente, os demais irmãos são “leigos”. As reuniões dessas igrejas seguem uma liturgia rígida e essencialmente igual às das igrejas institucionais. O louvor é dirigido por alguém que ocupa a função (ou cargo) de ministro de louvor e nelas são feitos sermões pelo pastor. Algumas até usam aqueles hinários pretos tradicionais. Muitas vezes, embora não se possa generalizar, tais igrejas são formadas por irmãos magoados e decepcionados com certas denominações ou igrejas, porém, que não se conscientizaram que as práticas eclesiais das igrejas institucionalizadas não encontram guarida no Novo Testamento; por isso, continuam imitando seus métodos. Estão nos lares mas não são igrejas orgânicas.
Existem igrejas nos lares (ou organizações que agrupam diversas igrejas nos lares) que sãoexclusivistas. Este tipo também não é orgânico, e constitui um dos tipos mais danosos de igreja. As igrejas nos lares que são exclusivistas pregam que todos os irmãos das demais igrejas não estão salvos – especialmente os irmãos das igrejas institucionais. Apenas os irmãos que se congregam com eles estão salvos. Uma igreja orgânica jamais pregaria isto. A igreja do Senhor é constituída de pessoas, e por isso, não importa a denominação ou a comunidade à qual uma pessoa freqüenta; se ela recebeu a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, ela é salva e é irmã em Cristo. As igrejas orgânicas não concordam com as práticas das igrejas modernas, mas são plenamente conscientes de que Deus também salva e abençoa pessoas por meio das igrejas institucionalizadas. Igreja não salva, não importa se é orgânica ou não. Essas igrejas exclusivistas geralmente se autodenominam como “a igreja”, evidenciando seu caráter exclusivista. Ao buscar uma igreja orgânica, o irmão ou a irmã deve fugir desse tipo de igreja exclusivista.
As igrejas em células e as igrejas de pequenos grupos também se reúnem nos lares, no entanto, não são igrejas orgânicas ou neotestamentárias. Para não ser repetitivo com relação às características desses tipos de igrejas e às suas diferenças significativas em comparação com as igrejas orgânicas, remeto ao meu artigo “Qual A Diferença Entre Os Pequenos Grupos E As Igrejas Nos lares?” postado neste blog (www.igrejaorganica.blogspot.com).
Há outro tipo de igrejas nos lares que também não são autenticamente orgânicas, embora possuam muitas práticas eclesiais neotestamentárias. São aquelas que se congregam prioritariamente com base na amizade entre seus membros. Poderíamos chamá-las de igrejasrelacionais. Nessas igrejas, os relacionamentos são colocados acima de tudo. Os congregantes dessas igrejas não fazem questão de saber como o outro pensa, com relação à doutrina cristã. Um participante da igreja pode até adotar uma doutrina herética (não bíblica), e estar normalmente participando da igreja relacional (como se fosse irmão) sem qualquer problema, pois, para os participantes desse tipo de igreja, qualquer doutrina que venha a atrapalhar a amizade entre irmãos, não lhes interessa. Poderíamos classificá-los no campo da teologia comoliberais (não ortodoxos). As igrejas relacionais também apresentam outra característica que as difere sutilmente de uma autêntica igreja orgânica. É que, embora elas se reúnam nos lares de seus membros, não consideram que o lar seja o lugar ideal para a reunião da igreja. Assim, defendem que qualquer reunião que conte com a participação de cristãos, em qualquer lugar e para qualquer propósito, é uma igreja.
Por outro lado, as igrejas orgânicas também valorizam os relacionamentos e buscam o aprofundamento da amizade entre os irmãos. Neste contexto, elas são também relacionais. Porém, valorizam acima de tudo as doutrinas centrais do Cristianismo (Bíblia como revelação de Deus; Trindade; Pecaminosidade humana; Justificação/Salvação pela fé em Cristo etc.), e não consideram como irmão alguém que negue ou altere essas doutrinas. As igrejas orgânicas são Cristocêntricas e bíblicas. As igrejas orgânicas se dedicam ao estudo das Escrituras com fervor, assim como faziam as igrejas do primeiro século: “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações.” (Atos 2.42). Entretanto, apesar de não “negociarem” as doutrinas essenciais, os irmãos das igrejas orgânicas respeitam a posição de cada um quanto às doutrinas periféricas, ou secundárias, e convivem em paz. Valorizar os relacionamentos é orgânico; porém, colocá-los acima da sã-doutrina não é.
Há ainda as igrejas nos lares com ênfase no crescimento numérico, na multiplicação de igrejas. Essas se consideram cumpridoras fiéis da grande comissão, por meio de reuniões nos lares. Elas exaltam o crescimento quantitativo e a descentralização organizacional total daquilo que chamam de “Movimento Igreja Orgânica”. De modo parecido com o tipo descrito anteriormente, as igrejas multiplicadoras também postulam que qualquer reunião que conte com a participação de cristãos, em qualquer lugar e para qualquer propósito (principalmente evangelístico), é uma igreja.
Nenhuma dessas igrejas descritas neste artigo é orgânica, embora sejam igrejas nos lares. Apesar da aparência orgânica, essas igrejas são fruto de uma elaboração ou alteração humana, portanto, são igrejas “transgênicas”. Sugiro que o leitor complemente a leitura do presente artigo lendo meu outro artigo “Características das Igrejas Orgânicas”, postado no blog www.igrejaorganica.blogspot.com no mês de fevereiro de 2010.
Encerro citando Frank Viola, no seu parágrafo sobre a vida orgânica da igreja:
“Vida orgânica da Igreja é algo profundamente simples, porém, infinitamente complicado. Satisfaz os anseios mais profundos do espírito humano, mas frustra a alma e traz lances de morte à carne. É, ao mesmo tempo, gratificante e enlouquecedora. É sem dúvida a maior experiência espiritual que um mortal pode conhecer. Por quê? Simplesmente porque Deus escolheu a ekklesia em sua expressão orgânica para revelar as glórias e a riqueza do seu Filho amado, o Senhor Jesus Cristo, e para trazer a esta terra a comunhão que existe dentro da Trindade.”

As Igrejas que estão nas casas possuem níveis diferentes de maturidade?





A nossa experiência de igreja depende da nossa experiência de Cristo. Quanto mais experimentamos Cristo, mais experimentaremos a realidade da igreja verdadeira, porque a Cabeça e o Corpo são um. Se em um grupo houver várias pessoas que experimentam mais Cristo, certamente esse grupo expressará mais os atributos de Cristo. Isso significa que haverá grupos mais próximos do ideal da Palavra e outros mais distantes, mas todos estamos no mesmo caminho; todos nós humildemente estamos em direção ao Reino, em meios a todas as adversidades que sobrevém a todos os filhos de Deus na face da Terra.
Alguns irmãos começam a se reunirem nos lares carregados de expectativas. Eles esperam finalmente encontrar um grupo perfeito. Entretanto, não podemos nos esquecer que, se encontrássemos um grupo perfeito, esse grupo talvez não aceitasse nossas muitas imperfeições.É bom não criar expectativas e viver apenas pela fé no que o Senhor lhe falar ao coração e nas promessas da Sua Palavra santa. Se você quiser que o grupo com o qual reúne esteja cheio de Cristo então, quem sabe, não é o momento de você primeiramente estar mais cheio de Cristo? Dê o exemplo e, por seu exemplo, influencie os irmãos positivamente, mas não espere resultados imediatos.
Estamos em um processo muito doloroso de abandonar a religiosidade e velhos conceitos que nos aprisionaram em um viver religioso de falar muito e pouco viver. Por isso, haverá barulho, poeira e até um pouco de confusão nos primeiros anos da vida da igreja. Precisamos entender esse processo. Nosso maior sonho é que pudéssemos apertar um botão e uma uma igreja perfeita caísse na nossa sala, com irmãos perfeitos e maravilhosos, sorrindo e nos ajudando em todas nossas dificuldades. Não é assim que as coisas funcionam. A igreja é um organismo vivo. Trata-se, portanto, de uma questão de vida e, como no caso de uma lavoura, exige-se cuidado, dedicação, paciência e tempo. Precisamos regar nossos relacionamos, adubar com bons nutrientes, produzir amizades saudáveis e arrancar as ervas daninhas que eventualmente possam aparecer. Assim como um edifício em fase inicial, o início da vida da igreja normalmente não é algo belo, pode até mesmo ser barulhento e bagunçado. Normalmente, existe uma fase de empolgação inicial e, depois, vem uma fase de arrancar as pedras do nosso interior, voltar a prática das primeiras obras (oração, leitura da Palavra, jejum etc.). Às vezes, alguns irmãos nos abandonam porque “não era bem isso que eles queriam“.Não os julgueNão espere retornoFaças as coisas para o Senhor somente e não para os homens. Algumas vezes, também há uma fase de deserto, onde toda aquela exuberância de vida e empolgação vai embora. As revelações passam a ser menos frequentes. Nesse momento, Deus nos ajudará a lançar nossas raízes mais fundo em direção aos mananciais escondidos. Já não vamos ter tantas coisas para fazer ou tantos compromissos. Vamos ser chamados para experimentar versículos como Jeremias 17:7-8 – Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o SENHOR. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto. Graças a Deus que, assim como as fases da Lua ou as estações do ano, as fases da igreja também são dinâmicas. A fase de maturidade costuma demorar para vir, mas creia, ela virá. Quando houver um fundamento sólido em nossas vidas (isto é, quando começarmos a praticar o que falamos– veja Lc 6:47-48), Deus enviará mais pessoas. Não desanime. Às vezes, duvidamos até mesmo que essa obra será concluída. Precisamos por isso, de vez em quando, olhar para a planta nas mãos do Arquiteto. Ele sabe que vai concluir Sua obra (Fp 1:6).
Seja qual for a fase pela qual estejamos passando, não podemos nos esquecer que nascemos nesta Terra com um objetivo. Não viemos aqui apenas para ter uma boa vida e depois partir.Quando nos unimos ao Senhor também nos unimos ao Seu ministério de edificar o Corpo de Cristo. Não somos apenas ouvintes (Tg 1:22; 1 Jo 3:18). Não estamos na vida da igreja para analisar grupos e pessoas, como pesquisadores dissecando um cadáver. Estamos aqui para trabalhar (Jo 20:21). A ceara é grande e poucos são os ceifeiros. É hora de arregaçar as mangas e ouvir nosso Mestre: – Senhor Jesus, que queres que eu faça hoje, neste exato momento?Pode ser orar, louvar, visitar alguém ou até mesmo ficar aos seus pés quieto, ouvindo-O. No sistema religioso, nos acostumávamos a aguardar que os lideremos falassem com Deus e depois nos repassassem as orientações devidas, como Moisés fazia com o povo de Israel. Essa Aliança passou. Isso acabou. Precisamos reaprender a ouvir a Jesus e a Ele somente (leia Lucas 9:35 e 1 Jo 2:27). Quando esses fundamentos estiverem prontos, poderemos avançar para os demais estágios desse grande edifício de Deus: a igreja. Enquanto a maturidade não chega, vamos aproveitar bem a infância, a adolescência e a juventude da igreja na qual o Senhor nos plantou. Lembre-se: plante sempre, regue sempre, e se alegre sempre, pois o crescimento virá, sempre, de Deus! (1 Co 3:6).

Fonte: http://igrejanoslares.com.br/

A VERDADEIRA CEIA



“Mas Jesus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;” (Atos 17:30)

O assunto o qual vou abordar agora é muito delicado para muitos da estrutura religiosa cristã (catolicismo e protestantismo). Para muitos, divergir nesta questão é uma blasfêmia terrível. Mas, para aqueles a quem, de fato se destina este BLOG, é mais um artigo que servirá de despertamento, conduzindo-os a retirar de sua vida mais um engano de satanás. E esse engano só não foi revelado há muito mais tempo pela igreja, caro leitor, porque estava soterrado sob liturgias e rituais provenientes da religiosidade pagã-romana.

Sei que, ao tocar neste assunto, é como se estivesse cutucando um vespeiro, pois a “Ceia” é um dos pilares do cristianismo. Nestes últimos tempos, o Espírito Santo tem aberto os olhos de muitos, pois o dia do retorno do nosso Messias está muito próximo. E antes de sua volta TODAS as coisas serão reveladas aos servos, todo engano cairá por terra (cfm atos 3.21).

O Messias nunca mandou instituirmos rituais! E Ele não nos ordenou a fazer este. Mas através de certas atitudes descritas na Palavra, Ele nos deixa o exemplo de transferi-las para uma linguagem espiritual em nosso dia-a-dia. Ele aproveitou a comemoração da páscoa junto aos seus discípulos e, em meio a vários outros itens no jantar, destacou o pão e o vinho para nos ensinar algo IMPORTANTE. Mas NÃO instituiu um ritual. Por exemplo, o que Ele nos ensina com o ato de lavar os pés dos discípulos? Com certeza não ensinou um ritual literal de lavar os pés, mas ensina que devemos nos humilhar, nos sujeitar e servir o próximo em amor.

Diversas liturgias e rituais que muitos do catolicismo e protestantismo contemporâneo praticam e as tem como comuns e importantes, são originárias do império romano, quando o imperador Constantino formou o cristianismo, por volta do ano 300 D.C. Presta atenção numa coisa: o cristianismo de Constantino é um verdadeiro pacote de rituais e costumes de outras culturas pagãs, como por exemplo, Grega e Mitraica (religião romana pagã).

O ritual de comer um pão físico e beber o vinho (suco de uva) foi introduzido pelo catolicismo de Constantino, copiando um ritual ao deus chamado “Mitra”. Não vou me aprofundar no contexto histórico agora, mas apenas focar o que o Messias verdadeiramente nos ensinou, sem a intromissão de ensinos impostores do passado.

Martinho Lutero, idealizador da “reforma protestante”, morreu ainda sendo padre católico. Ele apenas reformou algo já existente, mas não se desapegou de vários de seus velhos dogmas. Quando você reforma uma casa, você pode modificar algumas características dela, mas não muda suas estruturas. Pois foi isto que aconteceu na suposta “reforma protestante”. Uma das provas que podemos observar na história foi que, mesmo após a reforma de Lutero, ainda era feito pelos protestantes o ritual da Eucaristia, na qual, a cada rito, refazem simbolicamente o sacrifício já realizado e consumado no madeiro.

A “Ceia do Senhor” (nome dado pelo catolicismo), era simplesmente, no tempo do Messias, uma refeição noturna durante a páscoa judaica. “Chegou, porém, o dia dos ázimos, em que importava sacrificar a páscoa. E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?” (Lucas 22-1:71)

Esclarecimentos importantes antes de começar pra valer o estudo

Os padres católicos que traduziram e criaram o livro “Bíblia”, a organizaram de forma errada. Estamos acostumados a começar a ler o Novo Testamento à partir do nascimento do Messias. Isto é um grande erro. Você pode dizer que isto não afeta a “inerrância” deste livro, pois é apenas uma ordem na impressão. Mas já é suficiente para levar as pessoas ao engano. É importante sabermos disto. O “Novo testamento” se inicia, de fato, após a morte do nosso Messias, e não no nascimento, como foi colocado na Bíblia. Após sua morte, se iniciou uma nova aliança.

Quero esclarecer também que, o Antigo Testamento é sombra das coisas futuras (Novo Testamento). Se a “Ceia” foi realizada antes da morte do Messias, então devemos entender que ela foi feita ainda durante a Velha Aliança, por isso, este ato é apenas uma sombra da revelação espiritual trazida no Novo Testamento. Pois bem, foi exatamente o que o Messias quis nos trazer. Ele NÃO nos ensinou um ritual, mas sim um entendimento espiritual de como seria a vida de sua Igreja após Sua morte e ressurreição. Através daquela simples refeição, Ele nos ensinou como deveríamos viver espiritualmente.

“Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Jesus? O pão que partimos, não é porventura a comunhão do corpo de Jesus?” (1 Coríntios 10:16)

Enquanto você ler o estudo, você pode perceber que o texto de I Coríntios 11:23 em diante, não foi usado. Mas este texto será explicado ao final deste artigo.

Vamos agora analisar os textos:

O PÃO

“E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.” (Lucas 22:19)

O NOSSO MESSIAS É O VERDADEIRO PÃO, O PÃO QUE DESCEU DOS CÉUS.

E não um pão físico (pão de forma, pão sovado, bisnaga da padaria). O pão que Ele nos fala é espiritual, ou seja, Ele mesmo! No dia da páscoa, Ele apenas usa o pão e o vinho para servir como simbolismo didático no momento, e nunca para ser um ritual, como é feito hoje! Isso precisa ficar MUITO claro, por isso estou repetindo.

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” (João 6:51)

“Porque o pão do Eterno é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes.” (João 6:33)

“Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer?” (João 6:49-52).

Devemos nos alimentar do verdadeiro Pão que é espiritual, e não físico. Veja novamente neste versículo: “Este é o pão que desceu do céu (Jesus); não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.” (João 6:58)

“Eu sou o pão da vida.” (João 6:48) – Jesus é o verdadeiro Pão espiritual, e não um feito de trigo.

Mas porque “fazei isto em memória de mim”?

Certamente não é um ritual da qual Ele pede para que façamos. Veja os textos:

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.”João (1:1)

“E a Palavra se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (João 1:14)

“(Jesus) Estava vestido de um manto salpicado de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus.” (Apocalipse 19:13)

Jesus, caro leitor, é a PALAVRA! É o Pão! O Pão espiritual é a Palavra. Quando Ele nos pede que partíssemos e comêssemos do Pão, na verdade devemos comer e compartilhar a Palavra, a Palavra viva, o próprio Jesus! Então o Pão que as Escrituras nos falam não é um pão fermentado que compramos na padaria e comemos como se fosse um pão “mágico”, não! Mas é o Pão espiritual! Jesus, nosso Messias! Faça isso sempre em memória dele.

O CÁLICE

“Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós.” (Lucas 22:17-20)

Da mesma forma que o Pão descrito na Escritura é o Pão espiritual, ou seja, a Palavra Viva (Jesus), o cálice descrito no texto acima também é espiritual, veja:

“E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice (sofrimento); todavia não se faça a minha vontade, mas a Tua.” (Lucas 22:41-42)

“Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo (sofrimento futuro e morte), e ser batizados no batismo em que eu sou batizado? E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados; mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está reservado.” (Marcos 10:37-40)

“Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice (sofrimento futuro) que o Pai me deu?” (João 18:11)

Diante destes textos podemos verificar a linguagem espiritual da expressão “Cálice”, caro leitor. O cálice do Messias são Seus sofrimentos, Sua renúncia, morte, Sua vida… Quando Ele pede para bebermos do seu cálice, é para que possamos alinhar nossa vida com a Vida dEle.. É que possamos imitá-lo em Suas atitudes. Devemos nos alimentar do Pão (Sua Palavra) e dividi-lo com muitos, mas também praticarmos o que Ele fez, nos humilhando se preciso, até morte, para que Ele seja glorificado, assim como o Pai foi glorificado na vida e atitudes Dele.

Uma orientação simples ou ordenação de uma liturgia ritualística?

Vamos ler o texto por inteiro, e não somente a parte que é lida na liturgia!


“Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, mas para pior. Porque, antes de tudo, ouço que quando vos ajuntais na igreja há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós facções, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor; porque quando comeis, cada um toma antes de outrem a sua própria ceia; e assim um fica com fome e outro se embriaga. Não tendes porventura casas onde comer e beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo. Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão; e, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha. De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice. Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem. Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados; quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros. Se algum tiver fome, coma em casa, a fim de que não vos reunais para condenação vossa. E as demais coisas eu as ordenarei quando for.” (I Coríntios 11:17-34)


Por causa das inúmeras repetições da liturgia da qual o líder lê este texto, muitos até o sabem “de cor” sintomatizando uma idolatria pelo texto. Mas nesta parte da carta à Igreja de Coríntio, Paulo estava os orientando com muita simplicidade, não querendo lhes ordenar uma liturgia ritualística. Paulo expõe a esta Igreja da seguinte forma:


A comunidade de Corinto não sabia discernir o Corpo de Jesus…. Muitos formavam entre si, grupos para reunir-se comer e embebedar-se na casa de alguém (a famosa roda de irmãos que se formam depois da reunião para comer)… Só que enquanto alguns se reuniam (“panelinhas”) para comerem sua refeição, outros da própria congregação estavam passando por dificuldade e fome. Ou seja, individualismo e egoísmo eram alguns pecados da Igreja de Corinto. Paulo então diz, que se forem apenas para ajuntarem alguns para comer e deixar um outro irmão em dificuldade e sem ajuda, é melhor que comam em casa, pois eles não se reuniam para agradar à Jesus, não praticavam a verdadeira refeição, para compartilhar da Palavra.


Por isso, Paulo cita a passagem da páscoa feita antes da morte do Messias, da qual Ele ensina qual é a verdadeira refeição, que é comer e beber Dele. Para que com isso, anunciar a morte de Jesus.


Como vamos fazer este anúncio (do evangelho) apenas enchendo o estômago de pão físico e suco de uva?


Paulo também nunca quis transmitir o ensino de uma liturgia ritualística. Mas ele ensinava que, se somos o Corpo de Cristo, e o Messias “se partiu” por nós, devemos fazer como Ele, O Seu Corpo – a Igreja, também deve ser partida pelo próximo, através da pregação da Palavra, participando do seu cálice: dos seus sofrimentos, sua renúncia e seu modo de viver.


Por causa daqueles erros apontados por Paulo, A igreja de Corinto não sabia discernir o Corpo de Jesus, pois apenas comiam para si, e comiam para sua própria condenação, pois estavam em pecado. Por isso estavam espiritualmente fracos e doentes, e muitos dormiam na fé.


A “ceia” no formato atual que é praticada nas igrejas vem de tempos em que Roma já buscava uma conciliação com práticas pagãs, e portanto deve ser evitada. Fora o fato de ser completamente distorcida: É feita com pão fermentado, é feita fora de hora, é feita de forma desconectada da festa bíblica de que se origina, e não é ordenada em momento algum nas Escrituras. Em suma, trata-se de doutrina de homens.


A santa ceia cristã é um ritual que tem suas origens no paganismo


Mais especificamente na chamada Teofagia. Esta é mais uma das “contribuições” de Constantino a cristandade. Seu sincretismo na implantação de uma religião única no império romano, destroçou o poder da IGREJA DE CRISTO até os dias de hoje, quando inseriu em seu meio práticas pagãs. É tempo de restauração. Livre-se de todo paganismo!


A Teofagia é a prática de comer o corpo de um deus. Isso às vezes é realizada simbolicamente através da ingestão de um alimento ou material simbólico do deus. Nos rituais de fertilidade, o grão colhido pode ser ele próprio o deus renascer da vegetação. Esta prática tem origem em muitas religiões antigas. Dionísio e muitos exemplos são documentados em The Golden Bough por Sir James George Frazer (1854-1941). Vestígios da prática da teofagia sobreviveram em muitas religiões modernas.


Protestantes e Católicos não praticam a CEIA do modo como era no século I (trecho do livro “Cristianismo Pagão”, de Frank Viola)


Rios de sangue foram derramados tanto por mãos protestantes como católicas por causa de intrincadas doutrinas relacionadas à Ceia do Senhor. 20[20] A Ceia do Senhor, uma vez preciosa e viva, chegou a ser o centro do debate teológico por muitos séculos. Mas protestantes (como católicos) não praticam a Ceia do modo como era no século I. Para os primeiros cristãos, a Ceia do Senhor era uma refeição festiva. 21[21]


Hoje, a tradição forçou-nos a tomar a Ceia com um dedalzinho com suco de uva e um pedacinho de pão ou biscoito sem gosto. Toma-se a Ceia em um ambiente de penumbra e morte. Pedem que recordemos os horrores da morte de Nosso Senhor e reflitamos sobre nossos pecados. Além disso, a tradição nos ensina que tomar a Ceia pode ser uma coisa perigosa. Portanto, a maioria da moderna cristandade nunca a tomaria sem a presença de um clérigo. Todos estes elementos eram desconhecidos entre os primeiros cristãos. Para eles, a Ceia do Senhor era uma ceia comunal. 22[22] O humor era de celebração e gozo. E não havia nenhum clérigo na direção. 23[23] A Santa Ceia, essencialmente, era um banquete cristão.


Truncando a Ceia


Quando acabou a ceia completa, ficando apenas o pão e o cálice? Durante o século I e a primeira parte do II, os primeiros cristãos descreviam a Santa Ceia como a “festa do amor”.24[24] Naquele tempo eles tomavam o pão e o cálice dentro do contexto de uma ceia festiva. Mas por volta do tempo de Tertuliano (160-225), houve um início de separação do pão e do cálice da Ceia. Pelo fim do século II, a separação foi completa. 25[25]


Alguns eruditos têm arrazoado que os cristãos eliminaram a ceia porque eles não queriam que a Eucaristia fosse profanada pela participação de incrédulos. 26[26] Em parte isso pode ser verdade. Mas é mais provável que a crescente influência do ritual religioso pagão removeu o gostoso ambiente caseiro, não religioso, de uma ceia na sala de uma casa. 27[27] Já pelo século IV a festa do amor foi “proibida” entre os cristãos! 28[28]


Com o fim da ceia, os termos “partir o pão” e “Ceia do Senhor” sumiram. 29[29] Agora, o termo comum do ritual truncado (apenas pão e cálice) era “Eucaristia”. 30[30] Irineu (130-200) foi um dos primeiros a descrever o pão e o cálice enquanto “oferenda”. 31[31] Depois dele adotou-se o termo “oferenda” ou “sacrifício”.


A mesa do altar onde o pão e cálice eram colocados chegou a ser vista como um altar onde a vítima [do sacrifício] era oferecida.32[32] A Ceia deixou de ser um evento comunitário. Em vez disso virou um ritual sacerdotal presenciado a distancia. Ao longo dos séculos IV e V houve um crescente sentido de medo e pavor associado com a mesa onde se celebrava a Eucaristia.33[33] Chegou a ser um ritual sombrio. A alegria que antes acompanhava a Ceia desaparecera completamente.34[34]


O misticismo associado à Eucaristia deveu-se à influência do misticismo religioso pagão. 35[35] Tais religiões eram permeadas de mistério e superstição. Com esta influência, os cristãos começaram a atribuir nuances sagradas ao pão e ao cálice. Eram vistos como objetos santos em si mesmos. 36[36]


O fato da Ceia do Senhor chegar a ser um ritual sagrado fez com que esta exigisse uma pessoa sagrada para ministrá-la.37[37] É aí que entra o sacerdote para oferecer o sacrifício da Missa. 38[38] Acreditava-se que ele tinha o poder de pedir a Deus que descesse do céu e tomasse residência em um pedacinho de pão. 39[39]


Por volta do século X, o significado da palavra “corpo” mudou na literatura cristã. Previamente, os escritores cristãos utilizavam a palavra “corpo” referindo-se a uma das três coisas: 1) O corpo físico de Jesus, 2) a Igreja, ou 3) O Pão da Eucaristia.Os pais da igreja primitiva viam a igreja como uma comunidade de fé identificada com o partir do pão. Mas pelo século X houve uma mudança de pensamento e de linguagem. A palavra “corpo” já não era mais utilizada referindo-se à igreja. Era utilizada apenas referindo-se ao corpo físico do Senhor ou ao pão da Eucaristia. 40[40] A palavra “corpo” tinha sido evacuada de seu outro significado: A igreja.


Por conseguinte, a Ceia do Senhor distanciou-se bastante da ideia da Igreja reunindo-se para celebrar o partir do pão. 41[41] A mudança de vocabulário refletia esta prática. A Eucaristia não tinha nada a ver com a Igreja, mas chegou a ser vista como “sagrada” em si mesma — mesmo quando colocada na mesa. Envolvida em uma mística religiosa. Vista com assombro. Tomada pelo sacerdote com uma sombria disposição. Completamente divorciada da natureza comunal da ekklesia.


Todos estes fatores deram apoio à doutrina da transubstanciação. No século IV, explicitou-se a crença de que o pão e o vinho se transformavam em corpo e em sangue real do Senhor. A transubstanciação foi, portanto, a doutrina que explicava teologicamente como essa mudança ocorria.42[42] (Esta doutrina funcionou do século XI ao XIII).


A doutrina da transubstanciação trouxe consigo um sentimento de medo em torno dos elementos. O temor foi tão intenso que o povo de Deus vacilava aproximar-se dos elementos.43[43] Acreditava-se que quando as palavras da Eucaristia eram ditas, o pão literalmente virava Deus. Tudo isto converteu a Ceia do Senhor em um ritual sagrado levado a cabo por gente sagrada, bem distante das mãos do povo de Deus. Isto ficou tão fixo na mentalidade medieval que o pão e o cálice viraram “oferenda” até mesmo para alguns dos reformadores. 44[44]


Mesmo descartando a noção católica da Ceia do Senhor enquanto sacrifício, os modernos cristãos protestantes continuaram abraçando a prática católica da Ceia. Observe qualquer Ceia do Senhor (muitas vezes chamada de “Santa Comunhão”) em qualquer igreja protestante e você verá o seguinte:


A Ceia do Senhor composta por um biscoitinho (ou pedacinho de pão) e um dedalzinho de suco de uva (ou vinho) em nada se assemelha a uma ceia de verdade, o mesmo ocorre na Igreja Católica. O humor é sombrio e taciturno. Como na Igreja Católica. O pastor diz à congregação que cada um tem que se examinar com respeito ao pecado antes de participar dos elementos. Uma prática que veio de João Calvino. 45[45]


Como o sacerdote católico, muitos pastores ministram a ceia e recitam as palavras da instituição: “Este é o meu corpo” antes de distribuir os elementos à congregação. 46[46] Da mesma forma que a Igreja Católica. Com apenas algumas poucas mudanças, tudo isso vem do catolicismo medieval.


CONCLUSÃO


Não estou introduzindo algo novo no evangelho, caro leitor, mas verdadeiramente exortando-os a voltar ao ensinamento original, sem a ritualização religiosa, na qual, o Messias nunca quis nos ensinar, mas que foi injetada durante a história da Igreja.


Muitos ainda vivem enganados, pensando que ao comerem um pão de trigo e fermento, e beberem um copo de suco de uva industrializado, estão obedecendo uma ordenança do nosso Messias. Mas estão fracos e doentes porque não se alimentam e compartilham da Palavra (O Pão espiritual) e nem se tornam participantes do Cálice do Mestre (da vida e práticas do nosso Messias), que significa viver em santidade, andar em santidade, como Ele andou.


Olhe pra mim! Este ritual de comer pão físico e beber suco como ritual NÃO consta nas Sagradas Escrituras! E nunca devia existir. Este rito foi introduzido por homens carnais com más intenções. O comer e beber Dele deve ser espiritual! Uma atitude diária em nossa vida!


Então, tudo o que foi feito até hoje, de nada serviu?


“Mas Jesus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;” (Atos 17:30)


Outrora, vivíamos no tempo da ignorância, mas agora o Espírito Santo está abrindo os olhos da Igreja! Ouça-O! Vamos ver o que é espiritual com os olhos espirituais! E não carnais (segundo a nossa vontade).


“Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.” (Romanos 8:5-6)


Chegou o tempo de voltarmos a pureza do evangelho, sem distorções históricas, sem invenções com más intenções. Apenas o evangelho! Nosso foco deve ser Jesus… Pare de pensar apenas em si mesmo! Vamos discernir o Corpo Dele! Vamos imitá-Lo, amando o próximo, e pregando as boas novas do Reino!


Fonte: http://www.igrejasomosnos.com/2017/08/a-verdadeira-santa-ceia.html

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